Tradicionalmente, lucrar com música parecia uma possibilidade reservada a artistas, compositores e gravadoras. No entanto, o avanço das tecnologias financeiras e o crescimento do mercado de streaming abriram novas portas para investidores interessados em diversificar suas carteiras. 

    Entre as opções emergentes, investir em royalties musicais tem se destacado como uma alternativa promissora, que alia inovação, renda passiva e baixa correlação com os mercados tradicionais.

    O que são royalties musicais e como funcionam?

    Royalties musicais são valores pagos aos titulares dos direitos de uma obra sonora sempre que esta é executada, reproduzida ou licenciada. Trata-se de uma forma de remuneração que assegura que os profissionais envolvidos na criação e produção de uma música, incluindo artistas, compositores, produtores e gravadoras, recebam uma compensação justa pelo uso de suas obras.

    Esses rendimentos são gerados a partir de diferentes fontes, classificadas conforme o tipo de utilização da música. Os direitos de performance, por exemplo, dizem respeito à execução pública em rádios, shows e plataformas digitais. 

    Já os direitos mecânicos envolvem a reprodução da música em mídias físicas ou digitais, como CDs e serviços de download. Os royalties de sincronização (sync) são pagos quando músicas são usadas em produções audiovisuais, enquanto os direitos de execução digital abrangem o uso em ambientes online, como YouTube e Spotify.

    Na prática, os royalties funcionam como uma espécie de “aluguel” da música: toda vez que a canção é utilizada, os detentores dos direitos recebem uma parte proporcional dos lucros obtidos com essa reprodução.

    Investir em royalties: de fundos coletivos à blockchain

    Com a estruturação de plataformas digitais e o modelo de crowdfunding, investidores passaram a ter acesso ao mercado fonográfico de maneira prática e democrática. Por meio desse formato, é possível adquirir frações dos direitos autorais de músicas previamente selecionadas. Em troca, o investidor recebe periodicamente uma parcela dos royalties arrecadados durante o tempo determinado no contrato.

    Além disso, com o avanço das tecnologias blockchain, surgiram novos mecanismos de negociação no setor. A tokenização de ativos musicais permite que faixas ou catálogos inteiros sejam convertidos em tokens digitais, que representam frações de sua propriedade intelectual. Isso facilita a negociação entre usuários, amplia o acesso ao mercado e garante segurança e transparência, graças ao registro descentralizado oferecido pela blockchain.

    Plataformas inovadoras estão permitindo que artistas e investidores compartilhem um mesmo ecossistema digital, promovendo transações com criptomoedas e redefinindo o conceito de investimento em música.

    Estabilidade e riscos do setor

    Os royalties musicais apresentam características atrativas para os investidores. Entre as principais vantagens, destacam-se a possibilidade de renda passiva recorrente, a diversificação do portfólio, a baixa sensibilidade a crises econômicas e o crescimento consistente do streaming digital. 

    Desde a popularização das plataformas de áudio sob demanda, os fluxos de receita passaram a ser mais previsíveis e contínuos, aumentando a atratividade desses ativos.

    Contudo, como em qualquer modalidade de investimento, existem riscos associados. A volatilidade no desempenho das músicas, as complexidades jurídicas envolvendo os direitos autorais, as mudanças regulatórias e a dependência de intermediários são pontos que exigem atenção. 

    O investimento em royalties musicais representa uma fronteira inovadora no mercado financeiro, ao unir cultura, tecnologia e renda passiva. Seja por meio do crowdfunding tradicional ou da tokenização de ativos via blockchain, essa modalidade vem conquistando espaço entre investidores em busca de alternativas sólidas e menos expostas às oscilações econômicas. 

    Imagem: canva.com

    Giselle Wagner é formada em jornalismo pela Universidade Santa Úrsula. Trabalhou como estagiária na rádio Rio de Janeiro. Depois, foi editora chefe do Notícia da Manhã, onde cobria assuntos voltados à política brasileira.