Investir em precatórios pode ser uma alternativa bastante atrativa, especialmente pelo potencial de altos retornos. No entanto, como em qualquer tipo de investimento, é essencial entender a tributação envolvida para evitar surpresas na hora de declarar os ganhos e pagar os impostos devidos. Neste artigo, vamos explicar como funciona a tributação sobre precatórios, incluindo as principais regras e orientações que todo investidor precisa conhecer.

    O Que São Precatórios?

    Precatórios são títulos judiciais emitidos por entes públicos (União, estados ou municípios) para quitar dívidas resultantes de processos judiciais. Esses títulos representam o direito de uma pessoa física ou jurídica receber um valor previamente definido por meio de sentença judicial, geralmente em casos como desapropriações, indenizações, salários não pagos, entre outros.

    Investidores podem negociar precatórios de seus credores originais com descontos significativos, esperando receber o valor total no futuro, quando o governo realizar o pagamento. Para tal, basta contratar a melhor empresa de precatórios em SP para auxiliar nos processos. 

     Essa diferença entre o valor pago pelo precatório e o valor recebido representa o lucro do investidor, que é o foco principal da tributação.

    Como Funciona a Tributação de Precatórios?

    Os precatórios, assim como outros investimentos, estão sujeitos à tributação. No entanto, o imposto sobre esse tipo de ativo incide apenas sobre o ganho de capital, que é a diferença entre o valor pago pelo investidor na compra do precatório e o valor efetivamente recebido no momento do pagamento feito pelo governo.

    Imposto sobre Ganho de Capital

    A principal forma de tributação sobre precatórios ocorre por meio do Imposto de Renda sobre o ganho de capital. O ganho de capital é calculado com base no lucro obtido na transação, ou seja, a diferença entre o valor de aquisição do precatório e o valor pago pelo governo no momento da quitação da dívida.

    Exemplo Prático:

    • Um investidor compra um precatório no valor de R$ 100 mil por R$ 60 mil.
    • Quando o governo efetua o pagamento integral do precatório, o investidor recebe os R$ 100 mil.
    • O ganho de capital, nesse caso, é de R$ 40 mil (R$ 100 mil menos R$ 60 mil).

    Esse ganho de capital será tributado de acordo com as alíquotas previstas para operações de ganho de capital.

    Alíquotas do Imposto de Renda sobre Ganho de Capital

    As alíquotas do Imposto de Renda para o ganho de capital são progressivas, ou seja, variam conforme o valor do lucro obtido. O governo estabeleceu uma tabela para esse tipo de tributação:

    • Até R$ 5 milhões de ganho: 15%
    • De R$ 5.000.001 até R$ 10 milhões: 17,5%
    • De R$ 10.000.001 até R$ 30 milhões: 20%
    • Acima de R$ 30 milhões: 22,5%

    Portanto, o valor final de imposto a ser pago pelo investidor dependerá da quantidade de lucro obtido com o investimento no precatório.

    Como Declarar Precatórios no Imposto de Renda?

    Declarar precatórios no Imposto de Renda exige que o investidor esteja atento às informações que precisam ser reportadas na sua declaração anual. Abaixo, detalhamos os principais passos:

    1. Declaração de Compra do Precatório

    Quando o investidor adquire o precatório, o valor da compra deve ser registrado na declaração de Imposto de Renda, na seção de “Bens e Direitos”. É importante declarar o valor exato que foi pago pelo precatório.

    • Código: O código utilizado para precatórios na declaração de bens é o 99 – Outros bens e direitos.
    • Descrição: No campo de descrição, o investidor deve informar os detalhes da aquisição, incluindo a natureza do precatório, o ente público devedor e o valor pago pelo título.

    2. Declaração do Ganho de Capital

    Quando o precatório for finalmente pago pelo governo, o investidor deve apurar o ganho de capital, ou seja, a diferença entre o valor pago na compra e o valor recebido. Esse lucro deve ser declarado como ganho de capital e estará sujeito à tributação de acordo com as alíquotas progressivas mencionadas anteriormente.

    O investidor precisa preencher o Programa de Apuração de Ganhos de Capital (GCAP) da Receita Federal para calcular o imposto devido. Esse programa gera um documento que posteriormente será importado para a declaração de Imposto de Renda.

    • Data de recebimento: Informe a data em que o pagamento foi efetivamente realizado pelo governo.
    • Valor recebido: Declare o valor integral recebido.
    • Cálculo do lucro: O programa calculará automaticamente o ganho de capital e o imposto a pagar, com base nas alíquotas progressivas.

    3. Pagamento do Imposto

    O imposto sobre ganho de capital deve ser pago até o último dia útil do mês seguinte ao recebimento do precatório. O investidor deve emitir um DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais), disponível no próprio programa GCAP, para realizar o pagamento do tributo.

    Se o imposto não for pago dentro desse prazo, o contribuinte estará sujeito a multa e juros sobre o valor devido.

    Outras Situações que Envolvem Tributação de Precatórios

    Além do ganho de capital, é importante estar ciente de outras situações que podem envolver a tributação de precatórios, dependendo da forma como o investimento é realizado.

    Precatórios Alimentares

    No caso de precatórios alimentares, que envolvem pagamentos de salários atrasados, pensões ou aposentadorias, a tributação segue as regras específicas para esse tipo de renda. Se o precatório alimentar for adquirido diretamente por uma pessoa física que tem direito ao valor devido (credor original), a tributação ocorre sobre o montante total como uma receita de pessoa física, podendo estar sujeita ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF).

    Para investidores que compram precatórios alimentares de terceiros, no entanto, a tributação sobre o lucro (ganho de capital) segue as regras descritas anteriormente, com alíquotas progressivas.

    Venda Antecipada do Precatório

    Se o investidor decidir vender o precatório antes do pagamento pelo governo, o lucro obtido nessa transação também estará sujeito ao imposto sobre ganho de capital. O processo é o mesmo: a diferença entre o valor de compra e o valor de venda deve ser apurada e o imposto pago de acordo com as alíquotas progressivas.

    Tributação sobre Juros de Mora

    Em alguns casos, o governo pode ser obrigado a pagar juros de mora sobre o valor do precatório, especialmente se houver um atraso significativo no pagamento. Esses juros são tributados de maneira diferente do ganho de capital e seguem as regras de tributação de rendimentos. O investidor deve incluir os juros recebidos na seção de “Rendimentos Tributáveis” da declaração de Imposto de Renda.

    Conclusão

    A tributação sobre precatórios é relativamente simples, mas exige atenção do investidor, especialmente na hora de calcular o ganho de capital e declarar o valor correto no Imposto de Renda. O lucro obtido com a compra e venda de precatórios é tributado de acordo com as alíquotas progressivas do Imposto de Renda sobre ganho de capital, o que pode impactar diretamente o retorno final do investimento.

    Para garantir que todos os aspectos fiscais sejam corretamente apurados, é recomendável utilizar o Programa de Apuração de Ganhos de Capital (GCAP) e pagar os tributos dentro do prazo para evitar multas e juros. Além disso, contar com o apoio de um contador ou consultor tributário pode ser uma excelente forma de garantir que todas as obrigações fiscais sejam cumpridas corretamente.

    Entender a tributação sobre precatórios é um passo importante para qualquer investidor que deseja operar nesse mercado de forma segura e eficiente.

    Avatar de Giselle Wagner

    Giselle Wagner é formada em jornalismo pela Universidade Santa Úrsula. Trabalhou como estagiária na rádio Rio de Janeiro. Depois, foi editora chefe do Notícia da Manhã, onde cobria assuntos voltados à política brasileira.