Com a evolução do mercado financeiro digital, novas modalidades de investimento vêm ganhando destaque, e entre elas, a renda fixa digital desponta como uma alternativa inovadora. Utilizando a tecnologia blockchain, essa categoria de investimento permite que títulos e outros ativos sejam tokenizados, o que resulta em maior flexibilidade e potencial de retorno.
Diferente da renda fixa tradicional, onde os títulos são intermediados por bancos e corretoras, na renda fixa digital, os investidores negociam diretamente ativos digitais, representados por tokens. Mas, como esses produtos funcionam e por que têm atraído cada vez mais investidores?
O que é a renda fixa digital?
A renda fixa digital mantém a principal característica da renda fixa tradicional: a previsibilidade de rendimentos. O investidor já sabe, no momento da aplicação, quanto seu dinheiro irá render e em qual prazo. A inovação está no modo de operação. Ao invés de títulos convencionais, como CDBs ou Tesouro Direto, a renda fixa digital utiliza a blockchain para representar ativos reais por meio de tokens.
Esses tokens podem estar lastreados em uma variedade de produtos, como cotas de consórcios, precatórios, fluxos de pagamento ou até mesmo contratos de energia. A blockchain age como uma espécie de cartório digital, registrando todas as transações de forma pública e imutável, o que garante maior segurança e transparência.
Cotas de consórcios e fluxos de pagamento
Entre os produtos mais populares da renda fixa digital estão as cotas de consórcios. Nesse modelo, uma empresa adquire cotas contempladas de consórcios e as tokeniza, permitindo que os investidores adquiram frações dessas cotas. O prazo para quitação das cotas costuma ser curto, normalmente de até 180 dias, o que atrai investidores interessados em prazos menores de liquidez.
Outro ativo bastante procurado são os fluxos de pagamento, também chamados de recebíveis. Esses tokens são lastreados em fluxos de caixa futuros de empresas, permitindo que os investidores recebam pagamentos em um prazo que varia de 30 a 45 dias. Além da previsibilidade de retorno, esse tipo de investimento pode gerar lucros atrativos, com rendimentos anuais de até 18%, conforme o volume aplicado.
Precatórios e contratos de energia
Precatórios também fazem parte do portfólio de produtos da renda fixa digital. Esses títulos de dívida governamental são originados de processos judiciais em que o poder público é condenado a pagar determinado valor. Embora o processo de pagamento possa ser demorado, os precatórios tokenizados oferecem ao investidor a possibilidade de adquirir frações desses títulos com correção monetária.
Outra inovação na renda fixa digital é a tokenização de contratos de energia. Nesse modelo, os tokens representam antecipações de recebíveis de empresas de comercialização de energia elétrica. A comercializadora, ao vender parte de seu fluxo de recebíveis antecipadamente, gera liquidez para expandir suas operações, enquanto o investidor recebe o retorno com base nos valores futuros contratados. A segurança desse modelo está no fato de que os contratos já possuem volume e preço pré-definidos, o que oferece uma previsibilidade semelhante à dos títulos tradicionais de renda fixa.
Um mercado em crescimento
Com a digitalização dos mercados financeiros e o aumento da aceitação da blockchain, a renda fixa digital tende a ganhar ainda mais relevância nos próximos anos. Plataformas especializadas já oferecem diversos produtos tokenizados, permitindo que investidores de diferentes perfis tenham acesso e passem a investir em renda fixa digital. Apesar de ser um mercado recente, as vantagens em termos de redução de burocracia e aumento da rentabilidade são fatores que devem impulsionar seu crescimento.